sexta-feira, 22 de setembro de 2017

O incrível Nirso. O profissional que não pode ser!



Certa vez, na empresa que trabalhava, circulou um e-mail que causou um tremendo alvoroço e um grande mal estar. O texto saiu diretamente da máquina do presidente para todos os diretores, gerentes, vendedores, assistentes e telemarketing. Como o Dr. Antenor, o presidente, raramente passava e-mail e quando o fazia era restrito à diretoria, o conteúdo foi rapidamente disseminado pela empresa - inclusive através da “rádio corredor/rádio peão”, que imediatamente entrou no ar -. Era a história de um vendedor completamente analfabeto, invasor de territórios e sem a menor noção de planejamento, mas que vendia feito um louco. Veja o conteúdo do e-mail:

“O gerente de vendas recebeu o seguinte fax de um de seus vendedores viajantes:
- Seu Gomis, o criente de Belzonti pidiu mais cuatrucenta pessa. Faz favor tomá pruvidensa! Abrasso, Nirso

Meia hora depois, outro fax.

- Seu Gomis, o relatóro de venda vai chegá atrazado prumodi tamo fexando mais umas venda. Temo qui manda treis mil pessa pro criente de Sete Lagoa. Amanhã ta chegano o relatóro. Abrasso, Nirso.

No dia seguinte...

- Seu Gomis, discurpa, eu num cheguei pocauza de qui segui direto pra Beraba i vendi mais deiz mil pessa. Tô indo, indagora pra Brazilia. Abrasso, Nirso.

No outro dia...

- Seu Gomis, Brazilia fechô vinti mil pessa e to indo indagorinha pra Frorianópis, modi vizitá outro criente bão de mais sô, foi o criente di Brasília que indicô e di lá pego o avinhão praí. Abrasso, Nirso “.
E assim foi o mês inteiro... O gerente, muito preocupado com a imagem da empresa, resolveu levar o assunto e os faxes do Nirso para o Presidente da empresa. O Presidente o ouviu atentamente e prometeu providências.

Redigiu, de próprio punho, um recado e mandou afixar no quadro de avisos da empresa.

A partí di ogi, nóis tudo vamo fazê feito o Nirso.
Sí precupá menos em falá bunito e em iscrevê relatóros mirabolantes modi nóis vendê mais.
Acinado: Prizidenti”

O alvoroço e o mal estar que o texto causou foi, principalmente, por ter sido enviado pelo presidente. Afinal, nas entrelinhas, residia um puxão de orelhas em todo departamento de vendas. Obviamente, ninguém teve coragem de repercutir o e-mail com o presidente e, dias depois, ninguém mais tocava no assunto. Mas bastava um vendedor começar a falar bonito, a impostar a voz ou a desculpar-se por uma venda perdida que lá vinha o bordão: - Olha o Nirso!!!

Abrandando o detalhe do puxão de orelhas, que todos levamos, temos nesse texto a oportunidade de uma ampla reflexão sobre o universo das vendas e um grande desafio para as empresas na montagem da equipes.

Nas empresas comprometidas com suas marcas e orientadas para clientes, a força de vendas é selecionada cada vez com mais critério e está constantemente antenada às inovações tecnológicas; boa formação acadêmica e técnica; profundo conhecimento do produto e das necessidades do cliente; boa apresentação pessoal; educação irrepreensível e excelente nível de capacitação para representar o nome da empresa junto aos seus parceiros comerciais. Ou seja: não existe lugar para vendedores com as características do Nirso nessas empresas.

É obvio que empresas querem vendas e os melhores resultados, sempre. Parte do lucro vem daí. Mas, e nós os vendedores? Será que devemos vender a qualquer preço? Qualquer sujeito, com uma boa “prosa” pode fazer parte do nosso time? Será que o vendedor ainda carrega a pecha de falar bonito, escrever bem e gerar resultados pífios? O famoso papo dez.

Presidentes, diretores e gerentes que não foram vendedores, que nunca precisaram desbravar um campo, abrir um território e arrancar uma venda na unha, ainda enxergam no vendedor o enrolão e picareta do passado? Muitos sim. Daí o compromisso, de vendedores sérios e comprometidos, em expurgar do mercado os que mancham a imagem daqueles que constroem, com ética e profissionalismo, um dos maiores patrimônios das empresas: Um bom departamento de vendas.

Cada um de nós, em algum momento da vida, conheceu um Nirso e é bem provável que, pelo Brasil afora, ainda existam muitos vendedores que vendem muito, mas que no longo prazo acabam queimando o produto e a imagem da empresa. Portanto, se algum dia o seu gerente, diretor ou o presidente circular o e.mail do “Incrível Nirso”, não se chateie. Ele só está querendo dizer que o departamento poderia vender mais. Mas duvido que ele tenha coragem de contratar alguém como o Nirso. A menos que ele também seja um, e nesse caso é você que está no lugar errado!
Muito Bom!!!

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